14 de dezembro de 2010

Sugestões de leitura para as férias de Natal:

  • "O Bazar Alemão" de Helena Marques
  • "Dama de Espadas" de Mário Zambujal
  • "Caim" de José Saramago
  • "Marina" de Carlos Ruiz Záfon
  • Poesia de Eugénio de Andrade
  • Poesia de Fernando Pessoa
  • Poesias Escolhidas de Antero de Quental
  • "Por detrás da magnólia" de Vasco Graça Moura
  • "Os Maias" de Eça de Queirós
  • "Memorial do Convento" de José Saramago

"José e Pilar"

O documentário "José e Pilar" acompanha a vida de Saramago e de Pilar del Rio durante os cerca de dois anos que o escritor demorou a escrever "A Viagem do Elefante". O filme de Miguel Gonçalves Mendes mostra-nos o quotidiano do autor e da sua mulher, a instalação da Biblioteca José Saramago e a inauguração da exposição sobre a obra saramaguiana em Lanzarote, a terra de adopção do Nobel português. Para além disso, os espectadores acompanham as muitas viagens que o casal fez, sobretudo à América Latina, para promover a obra do escritor.
É um Saramago lúcido, irónico, mas fisicamente muito débil, muitíssimo dependente de Pilar que nos aparece ao longo de toda a narrativa filmíca.
Um documento histórico a não perder, independentemente de gostarmos ou não da obra de
Saramago.


10 de dezembro de 2010

Visita à Casa de Camilo Castelo Branco



No passado dia 19 de Novembro, os alunos de Literatura Portuguesa do 11ºG deslocaram-se a S. Miguel de Ceide/Seide, em Vila Nova de Famalicão, com o intuito de visitar a casa onde Camilo passou os últimos anos da sua vida. A casa, tipicamente minhota, situada no meio de uma propriedade agrícola, está transformada num museu com características especiais. Depois da morte de Ana Plácido, o grande amor de Camilo, a casa ficou desabitada, tendo sofrido, em 1915, um incêndio que praticamente a destruiu. Mais tarde, em 1922, o edíficio foi restaurado com objectivo de manter viva a memória do célebre escritor. O espaço foi mobilado de acordo com a época, havendo algumas peças, como a escrivaninha, a biblioteca, o relógio da sala de entrada e a famosa cadeira de balanço onde Camilo se suicidou, contemporâneas do autor.
A visita completou-se com a passagem pelo Centro de Estudos Camilianos, da autoria do arquitecto Siza Vieira.
Esta "aula" fora da escola, e apesar da chuva que não nos largou toda a tarde, revelou-se enriquecedora e permitiu-nos conhecer um pouco mais da vida de Camilo.



19 de novembro de 2010

Mário Vargas Llosa


O prémio Nobel da Literatura foi este ano atríbuido ao escritor peruano Mário Vargas Llosa, o que revela, mais uma vez, a pujança da literatura sul-americana.

Vargas Llosa não é apenas um escritor, é alguém que sempre se empenhou na vida do seu país, chegando mesmo a ser candidato à Presidência da República.

Principais obras:
  • Conversa na Catedral (1969)
  • A Tia Júlia e o Escrevedor (1977)
  • A Festa do Chibo (2000)
  • O Paraíso na Outra Esquina (2003)
  • Travessuras da Menina Má (2006)

Saramago.



Fátima Matos com Saramago


Desde o início do ano lectivo que o Centro de Recursos da ESAS tem vindo a homenagear Saramago através de uma série de actividades a que deu nome "O ano da morte de Saramago", inspirado no título do romance "O ano da morte de Ricardo Reis".

O centro das comemorações é a exposição patente no Centro de Recursos, que tem sido visitada por inúmeros alunos, professores, funcionários e até elementos que não pertencem à escola.


Integrada neste conjunto de actividades, realizou-se no passado dia 16 de Novembro, data do aniversário de Saramago, uma palestra/tertúlia dinamizada pela Dra Fátima Matos, antiga leitora de Português em Paris e em Siena, e que conviveu de perto com Saramago.


Num tom coloquial e descontraído, a Dra Fátima Matos, também Presidente da Associação Ar Evento, partilhou algumas das suas experiências com o Nobel da Literatura português, leu alguns excertos de cartas trocadas entre os dois, dando-nos uma visão diferente de Saramago.


No final, vários alunos leram excertos de algumas obras saramaguianas, aguçando a curiosidade daqueles que ainda não conhecem os livros deste incontornável autor português.

26 de outubro de 2010

"Filme do Desassossego"

No passado dia 9 de Outubro alguns alunos da ESAS, entre eles os de Literatura Portuguesa do 11ºG, assistiram no Teatro Nacional S. João ao "Filme do Desassossego" do realizador João Botelho.
O filme baseia-se em excertos do "Livro do Desassossego" do semi-heterónimo pessoano Bernardo Soares. O realizador escolheu determinadas passagens textuais e criou para elas pequenos sketches ilustrativos. A par disso, o filme mostra uma série de imagens de Lisboa atemporal e decadente.
O trabalho sonoro e a imagem são excelentes.
As reacções ao filme foram diversas: houve alunos que sairam fascinados, outros que tiveram dificuldades em compreender alguns momentos, outros ainda que, pura e simplesmente, exprimiram uma opinião muito negativa.

29 de setembro de 2010

Assalto ao Santa Maria

O novo filme de Francisco Manso dá-nos a conhecer um episódio esquecido da nossa história, o assalto ao navio Santa Maria, episódio fundamental da luta contra a ditadura de Salazar. Para alunos que, para o ano, vão estudar "Felizmente há Luar!", torna-se fundamental ver o filme para melhor se perceber o contexto dos anos 60 do séc. XX.

Os Cem Anos da República na Esas

No próximo dia 4 de Outubro, pelas 13h30, na varanda da Esas, um grupo de alunos de Expressão Dramática recriará o episódio histórico da Proclamação da República a 5 de Outubro de 1910.
TODOS À ESAS PARA GRITAR PELA REPÚBLICA!

Saramago na ESAS

A nossa escola presta homenagem a Saramago e à sua obra através da organização de uma série de iniciativas levadas a cabo pela Biblioteca-Centro de Recursos. Para além de uma exposição das obras de Saramago, haverá uma mesa redonda/debate em que amantes da obra Saramaguiana trocarão argumentos com alguns leitores que não o apreciam. Daremos notícias do decorrer das actividades.

Folhas Caídas de Almeida Garrett


O primeiro conteúdo literário que estamos a estudar este ano é a poesia de Folhas Caídas de Almeida Garrett. Estamos completamente fascinados pela inovação e pela intensidade emotiva que os poemas escritos para Rosa de Montufar, Viscondessa da Luz, transmitem. Passados mais de 150 anos, os textos de Garrett continuam a surpreender. Leiam Folhas Caídas!


NOVO ANO, NOVA VIDA!

As aulas já começaram há 3 semanas e a preguiça ainda tem sido muita. Aqui fica a nossa declaração de intenções:
  • Este ano o blogue será actualizado todas as semanas, dando conta da evolução da matéria ao longo do 11º ano;
  • Comentários a filmes e idas ao teatro também farão parte da nossa "aventura";
  • Relatórios, impressões, fotos contribuirão para enriquecer a nossa página.

O agora, 11ºG.

9 de junho de 2010

Balanço de final de ano

Agora que o ano chegou ao fim, é tempo de balanço. Durante o ano, foram muitas as actividades realizadas, as leituras efectuadas, os filmes comentados e, evidentemente, o progresso conseguido através da aprendizagem e do empenho. Ficámos com uma visão alargada e diferente da Literatura Portuguesa desde a época medieval até ao Pré-Romantismo. Estamos motivados para continuar a nossa viagem até ao séc. XXI, ou seja, "folheando os séculos".
Vamos de férias, mas o blogue não. Prometemos continuar a deixar aqui as nossas impressões das leituras que vamos realizar durante os meses de Verão.
Até à próxima!

A Morte de João Aguiar.


João Aguiar nasceu em Moçambique, a 28 de Outubro de 1943, foi um jornalista e escritor português. Licenciou-se em Jornalismo pela Universidade Livre de Bruxelas. Regressou a Portugal em 1976 e trabalhou para a RTP e para diversos diários semanais. O escritor João Aguiar, de 66 anos, morreu na passada quinta-feira (03-06-2010) em Lisboa, vítima de cancro. A doença que veio a provocar-lhe a morte impediu-o de concluir o livro que preparava sobre a revolução de 1383.

Visita de Estudo

No âmbito da disciplina de Literatura Portuguesa, a turma 10ºG, em conjunto com o 11ºA e o 11ºB, realizou uma visita de estudo até ao Douro vinhateiro.
Depois de duas horas de viagem chegámos ao nosso primeiro destino: a casa de Eça de Queirós, em Tormes. Aí, foram contadas, pela guia, várias histórias relacionadas com o estilo de vida do escritor. Vimos alguns objectos pessoais do mesmo e da sua família.
Mais tarde, dirigimo-nos à Régua para almoçar e comprar os famosos rebuçados da Régua, mas o nosso principal objectivo era a visita ao Museu do Douro, onde observámos pinturas de Joaquim Lopes relacionadas com o rio Douro e as produções vinícolas da região. De seguida, vimos uma exposição sobre as várias etapas da produção do vinho e os instrumentos utilizados para tal.
Para finalizar esta viagem rumámos a S. Leonardo da Galafúra, uma das paisagens mais belas de Portugal, que é também património mundial. Esta paisagem foi motivo de inspiração para Torga, que escreveu um poema, que se encontra na parede da capelinha.
Esta visita de estudo foi muito enriquecedora e uma experiência agradável e divertida.


25 de maio de 2010

Bocage, o poeta de transição

Bocage, nascido em Setúbal no dia 15 de Setembro de 1765 e falecido em Lisboa no dia 21 de Dezembro de 1805, viveu durante a época Neoclássica, Pré-Romântica e Romântica o que fez com que desenvolvesse uma escrita única e inconfundível, respeitando tanto a estética Neoclássica como a estética Romântica.
Na verdade, os poemas de Bocage apresentam temas e alguns aspectos formais do Neoclassicismo (Temas: Locus Amoenus- Cenário bucólico e verdejante, Imitação dos Clássicos- Camões, Entidades Mitológicas- Adamastor, Graças. Aspectos formais: Soneto e Sintaxe Alatinada- Hipérbato) e do Romantismo (Temas: Locus Horrendus- Cenário escuro, solitário onde apenas há trevas, Niilismo- desejo de Morte, Personificação da Morte na Natureza, Comprazimento do Sujeito Poético na Natureza Escura e Mórbida e o Comprazimento da amada na dor do "tu" poético. Aspectos formais: Tom eloquente e Sintaxe Afectiva - uso de exclamações, reticências e perguntas de retórica.) .
Em suma, Bocage foi um poeta que marcou a literatura portuguesa do Século XVIII com o seu carácter inovador e com a sua faceta deprimida e chorosa. A poesia de Bocage é também conhecida pelo seu carácter irónico e satírico.


Carlos Carvalhais Rodrigues

21 de abril de 2010

"Cântico Negro"



"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!


José Régio

Postado por: Inês Trigo

18 de abril de 2010

Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além dor!

É ter mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca
Rita Fonseca

"O Planalto e a Estepe"


"O Planalto e a Estepe" de Pepetela é um livro que retrata um amor impossível entre Júlio e Sarangerel e a perseverança desse amor ao longo de 35 anos. Pepetela apresenta, de uma forma absorvente e realista, as várias culturas dos anos 50 e 60.

Eis um excerto, no qual se passa o reencontro dos dois amantes após 35 anos de separação:
"Morri ou renasci? Haverá diferença?
Não havia dor. Não havia sensações. Apenas um rosto redondo, sorrindo timidamente, mas sem os olhos baixados. Os olhos castanhos fitavam os meus e nunca os senti tão azuis. Foi só isso, a sensação de ter olhos azuis no meio do castanho. E de estar parado de pé, imobilizado, talvez para sempre. As mulheres dão sempre lições de determinação, foi a primeira a reagir. Se aproximou e me agarrou na mão com as suas duas pequeninas.
- Júlio, Júlio."

Juliana Almeida